03/01/2013

A velha e boa gramática

No atual sistema de ensino brasileiro, a gramática é pincelada sem aprofundamento, conceituação ou contextualização. O resultado é um conhecimento raso da língua em todas as camadas da educação


Em rápida pesquisa, constata-se que a gramática, sim, aquela gramática básica de qualquer língua, continua a ser ensinada, a seu modo, em países como Alemanha, França, Inglaterra, Portugal, Espanha, Itália, Chile, dentre outros. Ela convive com outros ramos da comunicação, como a Linguística em suas várias modalidades, inclusive a Análise de Texto e de Discurso, a Literatura, etc.

Percebe-se também que o ensino da gramática, mais do que ela mesma, apesar do seu natural desenvolvimento e ampliação, ganhou nova roupagem, adaptou-se à evolução dos tempos. Ou seja, não há a menor lógica em se manter o ensino de gramática como se fazia há trinta, quarenta anos. Esse tipo antigo de ensino gramatical hoje seria rotulado de mera gramatiquice, muito embora naqueles tempos tirava-se muito proveito dele. É só verificar que as pessoas acima de sessenta a setenta anos que tenham se submetido ao ensino de outrora não apresentam grandes dificuldades com a escrita ou com a leitura.

No entanto, essa nova roupagem do ensino, essa adaptação aos novos tempos, no caso brasileiro, significa praticamente a eliminação da gramática do currículo escolar. Pincela-se aqui, pincela-se acolá algum elemento gramatical, jogado ao aluno aleatoriamente, sem sequência, sem respaldo, sem taxonomia, sem ênfase, isto é, de forma caótica, com o desinteresse típico de quem acha que aquilo não tem a menor importância, é assunto insignificante.

Cabe aqui uma pergunta: ensinada como é naqueles países acima citados e com bom proveito para seus cidadãos, por que está havendo esse absurdo e irresponsável abandono do ensino da gramática em nosso País?

Costumo dizer em minhas aulas no ensino superior, na Fecap e nos cursos que ministro em empresas sobre dificuldades gerais da Língua Portuguesa, que a maior e insuperável invenção da humanidade são as palavras escritas. E essa invenção nos distinguiu definitivamente dos demais animais e nos propulsionou inexoravelmente para o que hoje somos e o que vivemos. É só esticar os olhos para a Humanidade antes e depois da invenção da escrita e se constatará sua inigualável importância para nós. Insuperável, imbatível como invenção. Todas as demais invenções devem muito de sua consagração e confirmação à palavra escrita. Em contrapartida, palavra escrita, necessariamente, requer uma gramática, já que a escrita não tem, nem jamais terá, o nível de espontaneidade da fala. 
Precisa, pois, de certas normas.

Dito isso, ressalte-se que dói, dói muito, chegar a uma sala de aula de ensino fundamental, nas suas últimas séries, médio ou superior, perguntar para um aluno quantas orações há na frase tal, enfatizando-se que o número de orações é igual ao número de verbos, e ele perguntar:

– Professor, o que é verbo?

OS POSSÍVEIS ENTRAVES


Com certeza, desde o terço final do século XX e agora em pleno século XXI, há algumas barreiras impedindo uma verdadeira retomada de um ensino sério e responsável no País, principalmente em se tratando do ensino oficial, fundamental e médio. Correndo o risco de ser cruel e, também, contestado, exporei aqui os entraves que julgo mais prováveis e mais perniciosos:


1) boa parte dos próprios professores de Língua Portuguesa, enveredados que foram na sua formação para os modernos ensinos linguísticos, não domina a gramática básica do Português. E esses professores não são os únicos culpados por isso! São vítimas da evolução (ou involução) desses métodos de ensino que, paulatina e insidiosamente, foram camuflando o verdadeiro e rígido ensino de Português, dando novos enfoques mirabolantes e “milagrosos” (inclusive mudando o nome da disciplina, que antes era Português, para, por exemplo, Comunicação e Expressão, Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa). 

Esses estrábicos enfoques antes pioraram do que trouxeram algum progresso à gramática e ao ensino dela. O efeito dessas e de outras “mágicas pedagógicas” está aí nas avaliações a que os estudantes brasileiros são submetidos (Pisa – Programme for International Student Assessment – ou, para nós, Programa Internacional de Avaliação de Alunos – prova internacional e insuspeita –, Enem, Prova Brasil – essa, como trouxe resultado aviltante, o Ministro da Educação aventou a possibilidade de extingui-la, tentando matar a consequência e não a causa! –, Saresp, etc.) com resultados pífios em leitura, interpretação de texto e conhecimento gramatical. Matemática e ciências também apresentam resultados arrepiantes. Pelos dados do Pisa – prova que avalia exclusiva e mundialmente a proficiência de alunos de 15 anos em leitura e entendimento de texto, ciências e matemática –, recentemente publicados, a prova realizada em 2009, com 470.000 participantes, dos quais 20.000 brasileiros (neste ano, 2012, haverá nova avaliação), o Brasil se posicionou em 53º lugar em leitura e compreensão de texto e em ciências, e 57º em matemática, dentre os 65 países avaliados. Muito ruim!

Como essa transformação no ensino e nas disciplinas é antiga, um ótimo professor e autor de Português, mestre que muito contribuiu para o bom manejo do nosso idioma, assim se manifestou, bradando contra essas inócuas invenções dos “sábios da pedagogia moderna” e de seus perniciosos resultados:

"Longo é o prazo de cura de todas as fraquezas linguísticas depois que rígidas aulas de português foram substituídas por balofas aulas de comunicação”. (ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas, Ed. Caminho Suave Limitada, São Paulo, 1981);

RETRATO
Napoleão Mendes de Almeida 
Nascido em 1911 e falecido em 1998, Napoleão Mendes de Almeida foi um gramático, filólogo e professor brasileiro de português e latim. Fundou, em 1938, cursos por correspondência de latim e português; na mesma época, tornouse correspondente do jornal Estado de São Paulo, na coluna Questões Vernáculas. Sua Gramática Metódica da Língua Portuguesa hoje passa de quarenta edições, tendo vendido mais de meio milhão de cópias.



2) a má gestão nas escolas brasileiras, em geral dirigidas por pessoas despreparadas para tal, embora preparadas para outras coisas. Esses “gestores” acabam influenciando coordenadores e toda a equipe pedagógica, sugerindo a facilitação do ensino – “a criança precisa se sentir bem, ter prazer na escola” – e os conteúdos “cansam demais” os pimpolhos. 

Talvez a escola deva ter um administrador como qualquer empresa, administrador mesmo, deixando aos pedagogos o papel real para o qual eles existem, ou seja, ensinar as crianças a estudar, conduzi-las para um bom aprendizado, nobre papel, diga-se; e deixando aos professores, mesmo os não especialistas, a função para a qual foram criados: ensinar conteúdos. Assim, o de matemática ensina o conteúdo de matemática, do qual é especialista; o de física, idem; o de português, idem, etc. Pedagogo conduz e prepara crianças; professor dedica-se à transmissão do conteúdo específico de sua área. E ambos são de nobreza tal que a Sociedade brasileira ainda não reconheceu. Mas não são, pedagogos ou professores, as pessoas talhadas para dirigir uma escola, que é, como qualquer instituição, com fins lucrativos ou não, uma empresa.

O especialista é o professor, é ele quem conhece (ou deve conhecer) o conteúdo do qual é autoridade, é ele que, em conjunto com seus pares, deve estabelecer o conteúdo a ser ministrado, e não o conjunto dos abnegados e enclausurados pedagogos do MEC ou dos gabinetes nos milhares de escolas deste País. Essa é uma das causas de Português ter virado Comunicação e Expressão e Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa, lá pelos idos de 1971 e deu no que deu, conforme atestam os resultados das avaliações acima citadas!

ENSINO x CONCEITO



O terceiro e talvez o mais importante entrave à transmissão dos conteúdos nos tempos atuais (pelo menos de 40 anos para cá) merece ser tratado à parte. É a desvinculação entre ensino e conceitos. É fundamental que se conceitue cada tópico que um professor se proponha a ensinar a seus alunos.


Exemplifiquemos com o Português, no qual sou especialista. A qualquer aluno primeiranista do ensino superior (calouro de primeiro e segundo semestres, e que, portanto, já passou por todo o processo do ensino fundamental e médio) de qualquer área que você pergunte, por exemplo, o que é vogal, a resposta é pronta: A, E, I, O, U. Vício de ensino e de aprendizado. 

Perguntou-se o que é e não quais são. E, mesmo assim, as vogais são doze e não essas cinco apresentadas de bate-pronto: A, É, Ê, I, Ó, Ô, U, Ã, Ẽ, Ĩ, Õ, Ũ.

Esse tipo de vício no aprendizado mostra um vício maior no ensino: a ausência de conceito do que se ensina. Quantas e quantas vezes um professor de Português ensina sintaxe e as dez funções sintáticas sem definir sintaxe e função! E sem conceitos capta-se superficialmente e a assimilação é difusa, instável, insegura e inconstante.
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POR DENTRO


Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa

Criado  e   mantido   pela    Academia   Brasileira
de Letras,  o  Vocabulário  Ortográfico  da Língua
Portuguesa, ou   VOLP, reúne  atualmente   cerca
de    381   mil   vocábulos,  suas      classificações
gramaticais e   outras  informações, como formas
irregulares  e  marcações   fonéticas.  Está  na  5ª 
edição, ano 2009, e  pode  ser  consultado  online
Antes de passar para o tópico seguinte, que fique claro o conceito de sintaxe e função. Sintaxe é uma palavra de origem grega e significa arranjo, ordenação, tratado. Em outras palavras, o usuário da língua subtrai os vocábulos do rol que está à sua disposição (no VOLP –Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa , nos dicionários), manipula-os e forma orações, frases, parágrafos, textos, dando a eles sentido. No dicionário, as palavras têm significado, após o arranjo sintático ganham sentido, o que é muito mais amplo do que significado. Sintaxe é esse arranjo das palavras, e, também, a parte da gramática que estuda esse tipo de relação entre as palavras no exercício de suas funções ou nas suas relações de subordinação. Já função, grosso modo, é o papel que um ser desempenha em relação a outros seres. De fato mesmo, as palavras, nesse arranjo sintático, contraem funções, cada qual, individualmente ou em locuções e expressões, desempenhando um dos dez termos (ou dez funções) possíveis: sujeito, predicado, predicativo, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva, adjunto adnominal, aposto e adjunto adverbial.

Vícios no aprendizado, como falar em funções sem previamente defini-las ou listar as vogais do português como sendo cinco, mostram um vício maior ainda no ensino, impedindo a assimilação
A BOA FONÉTICA 




Se sintaxe praticamente vem sendo abandonada no ensino moderno do Português, imagine-se então o que está ocorrendo com a fonética. Partese do princípio simplista de que o importante é falar, independentemente do domínio do conhecimento de conceitos dos elementos da fala. Pobre do povo que aceita a superficialidade e despreza o conhecimento. 

Fica para trás e importa os avanços da tecnologia, como já vem acontecendo com o povo brasileiro: exportamos matéria-prima (as tais commodities) e importamos, pagando bem mais caro, as maravilhas da informática,hardwaresoftware e todos os periféricos e coadjuvantes que as acompanham, por exemplo. Ou os automóveis que os outros criaram e desenvolveram, como os coreanos e japoneses.

Citei acima o exemplo da resposta pronta quando se pergunta o que é vogal. Ampliemos isso aqui. Em primeiro lugar, é preciso definir fonética, que é o estudo dos sons da fala, tanto na sua produção quanto na sua recepção. Aqui, o professor já pode começar a enfatizar alguns detalhes importantes sobre o que se discutirá. Por exemplo, som se ouve e não se vê. Portanto, ao começar a falar de fonemas, já é possível enfatizar que eles jamais serão vistos, apenas ouvidos. É fenômeno da fala e não da escrita. Nunca foram, nem serão vistos. Portanto, não devem ser confundidos com letras.

Por experiência própria, quando começo a discutir isso com os alunos (o que já é possível a partir do 8º ano do ensino fundamental), sinto razoável interesse deles, já que, em geral, eles confundiam elementos sonoros com elementos visuais. A fonética é um campo interessante para despertar interesse nos alunos. Eles acabam descobrindo coisas e se entusiasmando, principalmente porque o bicho-papão da comunicação é a escrita, da qual fogem como gato da água. É aí que o professor deve introduzir os conceitos.

Assim, ao definir que fonema é a menor partícula auditiva e distintiva de uma palavra, o professor pode começar a fazer um jogo de mudança de fonemas e mostrar como isso acarreta a transformação de uma palavra noutra palavra. Em fala, se mudarmos o fonema /le/ para /ke/, produziremos a palavra faca; se mudarmos o /fe/ para /pe/, teremos a palavrapaca; se insistirmos no jogo e trocarmos o /ke/ pelo /gue/, teremos paga, e assim sucessivamente (fizemos essa representação básica de fonemas, apenas para não entrarmos na simbologia internacional, mais complexa e com os mesmos resultados).

Aqui é a hora de infiltrar o conceito de letra e destacar a diferença em relação a fonema, enfatizando sua visibilidade, afinal, é um sinal gráfico criado para a representação dos fonemas de uma língua.

De posse dos dois conceitos, é possível agora afirmar que a mesma letra pode representar fonemas diferentes. Por exemplo, a letra g representa um som em gelo e outro em gato. Não é preciso entrar em detalhes, basta que o aluno veja essas diferenças. Em casa o som ze é representado pela letra s, o que ocorre também com a letra x na palavra exame, etc. É possível mostrar vários casos e discutir com os alunos essas nuances.
MORFOLOGIA 



Na morfologia, que é a disposição e o estudo das palavras em classes gramaticais (substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição), cada uma com sua finalidade, bem como o estudo da estrutura das palavras (radicais, prefixos, sufixos, desinências) e os processos de formação de palavras (derivação e composição, basicamente), também é fundamental passar ao educando os conceitos.


Acima de tudo, é preciso que esteja bem esclarecida para o aluno a distinção entre nomes (substantivo) e processos (verbo). Que fique claro que o verbo é a palavra cuja finalidade é indicar os processos através do tempo (ação, estado, passagem de um estado a outro) e os aspectos, que não chegam a ser uma categoria gramatical, e indicam, em relação ao tempo, se o processo verbal está no início, em desenvolvimento ou acabado. E substantivo é a palavra cuja finalidade é nomear todos os seres e coisas. Assim, pular implica processo, enquanto pulo é apenas o nome dessa coisa; chover é processo, mas chuva é nome do resultado desse processo.

UM POUCO SOBRE O ADVÉRBIO

Se o estudante compreender bem essa distinção, já deu um bom passo para perceber as demais finalidades das outras classes de palavras. Aqui, quero enfatizar algo que me incomoda muito no ensino da língua: a falta de conceito em relação ao advérbio.



Alguns dizem que advérbio é, basicamente, um modificador de verbo. Outros dizem que expressam as circunstâncias, porém não definem para o aluno o que é circunstância. Afinal, o que é uma circunstância expressa por um advérbio? Se o verbo indica o processo, ou seja, o acontecimento, o fato principal, a circunstância que o acompanha expressa o fato secundário. 

Portanto, gramaticalmente o advérbio expressa uma circunstância, que é um fato secundário que acompanha um fato principal.

Vejamos uma frase: “Ontem, no auditório, o eminente palestrante falou animada e profundamente sobre política durante seu discurso”. Nessa frase, o fato principal está representado pelo verbo “falar”. Aí começam as circunstâncias, ou seja, gravitando como satélite do fato principal estão os fatos secundários que acompanharam “falar”: “Ontem”, circunstância de tempo; “no auditório”, circunstância de lugar; “animada”, circunstância de modo; “profundamente”, circunstância de intensidade/modo; “sobre política”, circunstância de assunto; “durante seu discurso”, circunstância de tempo. Portanto, há nessa frase advérbios ou locuções adverbiais de tempo (dois), de lugar, de modo, de intensidade e de assunto.

Numa hipotética hierarquia da importância das palavras, creio que substantivo, verbo, advérbio e adjetivo teriam os primeiros postos. Todavia, felizmente, as dez classes são fundamentais para nossa comunicação e evolução.

CONSIDERAÇÕES FINAIS




É dizer o óbvio que, quando uma pessoa conhece as finalidades das palavras e, por isso, sabe juntá-las num adequado arranjo sintático, ela produz bons textos, com clareza, objetividade, coesão e coerência. Também é óbvio que essa mesma pessoa entendida dos meandros das palavras percebe mais fácil e rapidamente os argumentos do produtor dum texto, quando esse texto é composto com a indispensável junção do campo lexical com o campo semântico, captando não só o que há na sua superfície como também nas entrelinhas.

O aluno precisa ter bem esclarecida a diferença entre os nomes e os processos, de modo a poder entender e identificar os substantivos e os verbos

O ensino da gramática contribui muito para a aquisição dessa competência e gera a habilidade de produzir bons textos e compreender a produção textual alheia. É lamentável que, por capricho ou ignorância de alguns iluminados, sempre sentados em gabinetes no MEC, ou até nas escolas, sem qualquer contato com a realidade de uma sala de aula, tenham tachado a gramática de vilã do ensino moderno, substituindo-a por insinuações de leitura e compreensão de textos sem quaisquer explicações mais profundas que levem ao domínio do léxico, suas finalidades e a habilidade de empregá-los em funções, gerando o último elemento do tripé formado pela morfologia e pela sintaxe: semântica, sentido.

Embora com palavras ainda inócuas e esparsas, parece que alguns políticos já começam a perceber que o futuro de nossa nação está mesmo numa retomada séria do ensino, ou seja, está na verdadeira educação. Não só a educação social, por exemplo, de se levantar para dar o lugar para uma pessoa de mais idade num transporte coletivo, ou pelo menos, respeitar os assentos destinados a pessoas “diferentes”, mas a educação que leva ao conhecimento em sua profundidade e gera ao país o milagre da criatividade. Tomara.


*Leo Ricino é mestre em Comunicação e Letras, instrutor na Universidade Corporativa Ernst & Young e professor na Fecap – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado.


RICINO, LEO. A velha e boa gramática. Revista Língua Portuguesa. Acesso em: 03/01/2013. Disponível em: http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/39/artigo275002-3.asp. 

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